O médico do trabalho dar um atestado de saúde mental para vigilantes?

Não existe impedimento legal ou ético que proíba o Médico do Trabalho atestar sobre a saúde física e mental do Vigilante que porte arma de fogo durante o exercício de seu trabalho.

Além da avaliação do médico do trabalho, o vigilante deverá realizar psicoteste (“exame psicotécnico”) com psicólogo devidamente qualificado. De acordo com o decreto 89.056/83, em seu artigo 16o, 

“o exame de sanidade física e mental será realizado de acordo com o disposto em norma regulamentadora do Ministério do Trabalho”, neste caso a NR 7.

Este artigo estabelece que o vigilante deverá ser registrado na DRT comprovando 

“ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico”. “O exame psicotécnico será realizado conforme instruções do Ministério do Trabalho” (Portaria 3.3435 de 16/09/1985). 

O artigo 18º do mesmo decreto assinala que: 

“o vigilante deverá submeter-se anualmente a rigoroso exame de saúde física e mental, bem como manter-se adequadamente preparado para o exercício de atividade profissional”. 

Esta exigência foi reiterada na Portaria 992 de 25/10/1995, do Departamento de Polícia Federal, em seu artigo 92, 

“a empresa de segurança privada deverá providenciar, anualmente, às suas expensas, a renovação dos exames de saúde física e mental do vigilante”.

O Médico do Trabalho deverá realizar o exame clínico (anamnese e exame físico) e, quando sentir necessidade de aprofundar a avaliação mental, solicitar parecer de Médico Psiquiatra. 

A realização do exame psicotécnico seguirá as instruções emanadas pelo Ministério do Trabalho para que o vigilante seja registrado na DRT, devendo ser renovado na mesma periodicidade do exame de sanidade física e mental previsto na NR 7. (anexo I da Portaria 3435/85).

Infelizmente, observamos que na prática estes requisitos legais nem sempre estão sendo cumpridos. Este fato ficou comprovado por ocasião do Simpósio Nacional sobre Avaliação da Aptidão Física e Mental dos Vigilantes, no dia 24 de fevereiro de 2005, no Rio de Janeiro.

 Esperamos que os órgãos competentes exerçam efetiva fiscalização sobre as empresas e tornem efetiva as prescrições legais. Durante o citado Simpósio, ficou evidenciada a necessidade de revisão a atualização das legislações pertinentes, bem como a devida harmonização entre as normas emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho) e o Ministério da Justiça (Departamento de Polícia Federal).

Fonte : ANAMT 

Link da matéria: http://www.anamt.org.br/site/faqs_detalhes.aspx?faqid=27

Equipes fazem busca incansável por sobreviventes, após explosão de navio da Petrobrás

Na explosão, três pessoas morreram e seis permanecem desaparecidas.

Bombeiros e equipes de resgate vão passar a noite à procura dos desaparecidos depois da explosão no navio-plataforma da Petrobras no Espírito Santo.

Na noite de quarta-feira (11), oito pessoas estavam em um hospital na Região Metropolitana de Vitória. A maioria sofreu queimaduras e pode ter inalado gases tóxicos. Três estão em estado mais grave.

Na explosão, três pessoas morreram e seis permanecem desaparecidas e as buscas continuam. Na noite de quarta (11), bombeiros do Espírito Santo viajaram em um helicóptero da Marinha. Eles foram para o navio plataforama e, durante a madrugada e a manhã, vão tentar localizar os desparecidos.

Parte dos trabalhdores que conseguiu escapar do acidente já estava em Vitória na noite de quarta (11). Eles foram resgatados por um navio e já desembarcaram no porto.

Na noite de quarta-feira (11), os funcionários que conseguiram desembarcar da plataforma depois da explosão chegaram ao porto de Capuaba, na baía de Vitória. Eles vão ser levados para um hotel, também em Vitória, onde a Petrobras reuniu os parentes de todos. Eles  estão sendo amparados por psicólogos e assistentes sociais.

“Elas [as vítimas] estão sendo assistidas pela Petrobras. São as famílias das vítimas de todos que estavam lá no navio”

  Marta Schieppe, do Sindicato dos Petroleiros

Durante toda a tarde o movimento foi intenso no aeroporto de Vitória. Helicópteros chegavam trazendo os feridos, que já eram aguardados por ambulâncias. Até agora, foram confirmados dez feridos. Em um hospital, estão oito pessoas e três em estado grave.

“Esses três todos têm queimaduras associadas, mas não só queimaduras. Há outros traumas associados como trauma de crânio e fraturas. Então, esses são os mais críticos e preocupantes”

Cláudio Pinheiro, diretor técnico de um dos hospitais que atenderam as vítimas da explosão.

O navio-plataforma na cidade de São Mateus está a 40 quilômetros da costa, no litoral norte do Espírito Santo. É um navio flutuante que pode ser deslocado para qualquer região. Estava produzindo mais de 2 milhões de metros cúbicos de gás e 350 metros cúbicos de óleo por dia.

O acidente foi por volta das 13h, quando aconteceu uma explosão na casa de máquinas. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), não houve derramamento de óleo. Três pessoas morreram e seis estão desaparecidas.

A Capitania dos Portos abriu um inquérito para apurar as causas e responsabilidades do acidente. Duas equipes da ANP também vão acompanhar as investigações. O prazo para conclusão do inquérito é de 90 dias.

NOTA DA PETROBRAS

A Petrobras lamentou o acidente com o navio plataforma que é de uma empresa que presta serviço para a estatal. A Petrobras informou em nota que o navio-plataforma da cidade de São Mateus opera desde junho de 2009, no litoral do Espírito Santo.

De acordo com a companhia, houve o imediato acionamento do plano de emergência e as operações da plataforma foram interrompidas. A Petrobras disse que notificou oficialmente a Marinha e a ANP (Agência Nacional de Petróleo).

A empresa afirma que a BW Offshore, que opera a plataforma, está prestando toda assistência aos funcionários feridos e parentes das vítimas. A BW Offshore divulgou uma nota em que diz estar dando suporte também nas buscas aos desaparecidos.

Fonte: G1

Trabalhadores da Petrobrás se negam a embarcar em plataformas, por falta de segurança!

O protesto conta com a presença de 70 trabalhadores, que, segundo o sindicato, reivindicam “um basta aos acidentes no sistema Petrobras

Trabalhadores da Petrobras, terceirizados e próprios, decidiram nesta sexta-feira, 20/02, em assembléia não embarcar em plataformas instaladas no litoral do Espírito Santo, onde, no último dia 11, uma explosão no navio-plataforma Cidade de São Mateus deixou seis mortos e três desaparecidos.

“Enquanto não houver segurança, não vai subir ninguém”

Protestam os petroleiros no aeroporto de Vitória (ES)

Divulgado  pelo Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) em sua página no Facebook.

O protesto conta com a presença de 70 trabalhadores, que, segundo o sindicato, reivindicam

“um basta aos acidentes no sistema Petrobras”.

A avaliação é de que é preciso rever a política de segurança da empresa.

“Em seus relatos, eles contam que há situações de risco dentro das plataformas. Na P-58, por exemplo, um dos casos mais graves é o não atendimento à NR-10, que trata da segurança dos sistemas elétricos. Os painéis não estão vedados devidamente para evitar a entrada de gás. Outro problema sério apontado pelos trabalhadores é o vazamento de produtos químicos, altamente nocivos à saúde do trabalhador”

Informa o Sindipetro-ES.

A direção do sindicato e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), de âmbito nacional, vão se reunir hoje com representantes do Ministério do Trabalho para tratar dos trabalhos da comissão de investigação do acidente ocorrido no navio-plataforma Cidade de São Mateus.

Fonte: Época Negócios

Link: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/02/trabalhadores-da-petrobras-se-negam-embarcar-em-plataformas-no-es.html

Operários paralisaram obra da Serra de Petrópolis após morte de trabalhador

Após morte de trabalhador, operários ficam de luto e param obra da Serra
650 cruzaram os braços; 200 terceirizados trabalham nesta sexta-feira (20).

Consórcio afirma que adotava todas as medidas de segurança.

Alexsandro Ferreira morreu esmagado na obra da Serra de Petrópolis

Alexsandro Ferreira morreu esmagado por uma pedra que caiu do túnel

Após a morte de um trabalhador na construção do túnel da Nova Subida da Serra de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, os 650 operários estão de luto e decidiram parar a obra nesta sexta-feira (20), em todos os canteiros.

Um grupo começou a trabalhar pela manhã, mas ainda cedo deixou o local em luto à morte do colega. Somente os 200 terceirizados trabalham nesta sexta.

Sobre a segurança dos trabalhadores, o consórcio afirma que emprega todos os equipamentos e procedimentos de segurança necessários à execução da obra, iniciada em outubro de 2013.

Em nota, a empresa também lamentou profundamente a morte do operário Alexsandro Ferreira, de 32 anos, após ser esmagado por uma pedra que desprendeu do túnel, nesta quinta-feira (19).

Na quinta, apenas o local onde o acidente aconteceu ficou interditado. As demais frentes da obra continuaram o trabalho normalmente.

Nesta sexta-feira, somente os funcionários terceirizados trabalham nos canteiros.

“Hoje é um dia de luto e solidariedade à morte do nosso colega. Não tem clima para trabalhar após tudo que aconteceu”

lamentou Josimar Campos de Souza, presidente do Siticomm, sindicato que representa dos operários.

Ele informou ao G1 que vai registrar o fato na Delegacia de Polícia, no Ministério Público do Trabalho e no Ministério do Trabalho (MT) para apurar a causa do acidente e, também, vai pedir ao MT para interditar a obra até que a

“questão da segurança seja colocada em prática, de fato e de verdade”,

ressaltou.

Alexsandro era da Bahia, mas morava com a esposa em Sapucaia, para onde o corpo foi levado e será enterrado.

Corsórcio afirma que adota medidas de segurança. De acordo com o Consórcio, Alexsandro, que era ajudante, usava equipamento de proteção individual quando foi atingido pela pedra, durante execução de serviços na janela do túnel, no Lote 3 do empreendimento.

A empresa também informou que está prestando total assistência à família da vítima, e que esta foi a primeira fatalidade do gênero registrada ao longo desse período.

Os funcionários, no entanto, denunciam a falta de segurança no local de trabalho. Segundo eles, todos usam o equipamento de segurança individual, mas as áreas onde ocorrem as detonações ficam instáveis.

“Quando ocorrem as detonações ninguém pode ficar dentro. Nós só voltamos depois que é feito o tratamento da parede e uma checagem se não nenhuma pedra está caindo. O que acontece é que voltamos a trabalhar e toda semana desplaca pedra. O certo é todo mundo sair na hora, se estiver caindo uma areia que for, o que não ocorre. O encarregado da obra manda continuar o trabalho”

revelou um funcionário, que não quis se identificar.

De acordo com ele, na noite anterior ao acidente, uma pedra caiu no mesmo local.

“Aconteceu no início do turno anterior e eles continuaram a trabalhar. Toda semana cai. Uma vez caiu, mas só feriu um funcionário no braço e na cabeça. Agora precisou morrer um”

lamentou.

Por Andressa Canejo
Do G1 Região Serrana

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Questões Legais relacionadas aos Programas de Prevenção Drogas nas Empresas

Ao abordar os aspectos legais envolvidos na implantação de Programas de Prevenção do Uso de Álcool e de Outras Drogas em empresas, três assuntos sempre vêm à tona:

§ Primeiro: Há suporte legal para implantação dos programas e, portanto, se as organizações correm algum tipo de risco por implementar ou não tais ações?

§ Segundo: É possível demitir um funcionário quando diagnosticado seu envolvimento com as drogas?

e, finalmente

§ Terceiro: É possível aplicar testagens toxicológicas para diagnosticar uso de drogas?

No âmbito geral das Relações de Trabalho temos que:

Toda empresa que admita empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) esta obrigada a implantar o denominado Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 7 (NR7), do Ministério do Trabalho e Emprego, salvo as exceções previstas na própria Norma.

Essa norma, que tem por objetivo a promoção da saúde e a prevenção de riscos à saúde dos trabalhadores brasileiros, estabelece os parâmetros mínimos exigidos a serem observados na execução do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, levando em conta condutas e procedimentos a serem adotados em relação aos riscos aos quais os empregados se expõem no ambiente de trabalho.

O PCMSO deve ser parte integrante do conjunto de ações mais amplas da empresa, devendo estar articulado com as demais Normas Reguladoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego.

Esse programa deverá ter um planejamento que permita o desenvolvimento das atividades de forma sustentada e contínua.

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional normalmente é desenvolvido, implantado e controlado pelo Serviço Especializado em Saúde e Segurança do Trabalho (SESMT) da empresa e deve ser estruturado conforme o tamanho, número de funcionários e grau de risco ocupacional de cada organização.

Os profissionais que participarão do SESMT (médicos, enfermeiros, técnicos e engenheiros de segurança, etc.) e suas respectivas responsabilidades estão descritas na Norma Regulamentadora Nº 4 do Ministério do Trabalho.

Entre outras responsabilidades descritas, cabe ao SESMT esclarecer e conscientizar os empregados sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção.

Além disso, cabe a esse serviço manter permanente relacionamento com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), quando for caso de sua existência, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme disposto na Norma Regulamentadora Nº 5 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em julho de 2003, através da Portaria Interministerial Nº 10, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, por meio da SENAD (Secretaria Nacional Sobre Drogas), recomendaram que as empresas, mantenham programas de conscientização e prevenção ao problema do uso e abuso de substâncias psicoativas no trabalho, em particular sobre os efeitos do álcool e sua relação com o trabalho.

Esta Portaria incumbe às empresas a necessidade de suas CIPAs fortalecerem e discutirem as medidas adotadas pelos PCMSOs, no sentido de abordar a dimensão da problemática do alcoolismo e das demais dependências químicas.

A Portaria recomenda ainda, o estabelecimento de relação com a comunidade, utilizando recursos disponíveis e apoiando iniciativas já existentes, especialmente junto aos Conselhos Municipais ou Estaduais sobre Drogas, quando presentes.

Considerando que, as drogas elevam substancialmente o risco de acidentes de trabalho e que, a prevenção desses agravos é uma das atribuições de toda organização, não há como fechar os olhos ao problema.

O desenvolvimento de um Programa de Prevenção do uso de drogas pela empresa está diretamente ligado não só à integridade dos funcionários, mas também à saúde da própria organização.

Na Segunda Questão, temos que, uma dúvida constante no contexto empresarial, diz respeito à demissão de funcionários dependentes químicos.

Atualmente, ainda em vigor, o artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em sua letra f, autoriza a rescisão do contrato de trabalho por justa causa, nos seguintes termos: “constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: embriaguez habitual ou em serviço”.

Ocorre que, quando acionado, o Judiciário, em suas decisões, tem invariavelmente, confirmado o reconhecimento do alcoolismo como doença, seguindo o entendimento da Organização Mundial da Saúde.

Esse quadro está classificado no Código Internacional de Doenças especificamente no capítulo das doenças mentais, o que inclui outras drogas. (CID 10)

Dessa forma, a Justiça tem entendido, na maioria das vezes, que o alcoolismo e as dependências de outras substâncias psicoativas é uma doença e, consequentemente, necessitam de tratamento.

Portanto, caberia à empresa o encaminhamento desse empregado para serviços especializados, quer pelo seu plano de saúde complementar ou pelo do sistema público de saúde.

Da mesma forma, cabe o encaminhamento da situação à Previdência Social, enquanto o trabalhador não apresentar condições de retorno ao trabalho, depois de decorridos os primeiros 15 dias de afastamento.

Aspectos como habitualidade das ocorrências faltosas, repercussões sobre as atividades laborais em si, histórico funcional e punições anteriores como advertência ou suspensão têm sido pouco considerados.

A simples dispensa nesses casos, mesmo sem justa causa, é vista muitas vezes, como ato discriminatório contra alguém que já vivencia uma problemática social e de saúde e, traz em seu bojo, muitas vezes, além de injusta dispensa, condenações de aspecto moral.

É necessário lembrar, que muitas vezes a não aceitação do diagnóstico pelo próprio trabalhador, que consequentemente não adere ao tratamento ofertado, pode sim se constituir em fator preponderante para sua demissão.

Como o desempenho funcional muitas vezes já se encontra comprometido, passa a ser causa de dispensa, mas sem justa causa para a rescisão contratual.

Um bom número de empregadores não segue o artigo 482 da CLT, que prevê a dispensa por justa causa, mas interrompe o vínculo empregatício em decorrência da baixa produtividade, arcando com o pagamento das verbas rescisórias.

A terceira questão que normalmente se apresenta, diz respeito à aplicação dos testes toxicológicos.

Alguns questionamentos gerados são:

· Quando, como e em que condições efetuá-los?

· O funcionário é obrigado a se submeter aos testes?

A Constituição Brasileira assegura que ninguém é obrigado a gerar prova jurídica contra si mesmo. Essas questões têm sido usadas por pessoas que acreditam e vêem os testes toxicológicos como fator gerador de perseguição e discriminação, o que, de fato, não pode acontecer.

Algumas autoridades jurídicas e escritórios especializados têm se posicionado contrários à realização dos testes sem que haja na empresa um programa estruturado de prevenção e tratamento nas organizações.

Quanto aos direitos individuais garantidos na Constituição, temos também que, não há no sistema constitucional brasileiro, direitos individuais que se revistam de caráter absoluto em face de relevante interesse público e do Direito Coletivo, como por exemplo, o combate ao tráfico de drogas, a saúde pública, a segurança do trabalho e todas as consequências sociais que dele resulta, pois existem limitações de ordem jurídica destinadas a proteger a integridade e os interesses da sociedade.

É plenamente possível a realização dos testes toxicológicos, obedecidas as razões que passamos a expor.

Para os trabalhadores em atividade de risco, e alguns deles já temos Normas prevendo os testes, como veremos mais a frente, temos que, o interesse público deve prevalecer sobre o interesse individual, podendo o empregador exigir do candidato ou empregado à testagem toxicológica, diante das consequências graves e até mesmo irreversíveis que poderão advir dos atos de uma pessoa usuária de drogas.

Ø O empregador não estará praticando qualquer ato de violação à intimidade e de discriminação, desde que siga um Programa que estabeleça critérios de:

Prevenção,

Ø Educação e

Ø Conscientização,

Ø Que os testes sigam normas preestabelecidas norograma e

Ø Tenham como critérios a:

Ø Educação,

Ø A prevenção e informação sobre drogas,

Ø A confidencialidade, e

Ø O programa de testagem esteja incluído no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e

Ø Critérios de encaminhamentos e serem adotados em caso de exames positivos.

Quantos aos trabalhadores quem ainda as suas funções não estejam regulamentadas neste sentido, o teste toxicológico tambem deve ser atrelado a um Programa e, somente poderá ser realizado com o consentimento expresso dos mesmos, sob pena de violação à intimidade do trabalhador.

Em todos os casos, a testagem deve ser realizada através de uma metodologia amplamente divulgada, por profissionais habilitados, com métodos confiáveis e mantido em absoluto sigilo o resultado, garantindo a contraprova quando necessária.

Obtido um resultado positivo, para as empresas é importante saber que:

• O consumo pode ter sido esporádico;

• A dependência química é uma doença e como tal deve ser tratada;

• O dependente químico precisa de apoio.

E, quem deve avaliar essas situações deve ser sempre um Profissional Medico e um Especialista em Dependência Química,

A demissão não é a solução.

A prevenção é o melhor remédio e a forma mais barata de evitar os problemas causados pelo uso de drogas.

A promoção da saúde do empregado com a prevenção e tratamento especializado é inerente à responsabilidade social da empresa.

Para o funcionário, é importante saber que a droga em sua vida pode ser o inicio de um ciclo de outros problemas e, que admitir o vício e pedir ajuda é o primeiro caminho para uma vida mais digna.

Como última hipótese, caso o empregado não reaja ao tratamento que lhe foi ofertado e a previdência social se recuse a conceder ou manter o benefício adequado, o empregador não estará obrigado a manter em atividade um trabalhador que não tem capacidade para o trabalho para o qual foi contratado e, que não adere ao programa ou ao tratamento proposto, podendo rescindir o contrato de trabalho.

Isso significa dizer que, para se implantar um sistema utilizando testes toxicológicos em empresas, devemos levar em conta:

Ø a presença de atividades de risco no ambiente de trabalho para o próprio trabalhador, para os colegas de trabalho ou ainda para a comunidade;

Ø a testagem deve estar incluída no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional conforme a Norma Regulamentadora nº 7;

Ø a testagem deve ser parte integrante de um Programa mais amplo e normatizado, que preveja a prevenção, a sensibilização, o diagnóstico e o tratamento das dependências químicas.

Ø a realização de ações de prevenção e de promoção da saúde alinhadas com a CIPA, quando essa existir na empresa, conforme preconizado na já citada Portaria Interministerial nº 10 de 2003;

Ø a confidencialidade, a ética e o respeito como valores fundamentais do programa.

É recomendável que todas as questões citadas anteriormente estejam contempladas na política sobre drogas e amplamente divulgada por cada organização.

Torna-se fundamental o desenvolvimento e a ampla disseminação dessa política em todos os níveis da empresa, estabelecendo um programa bem delineado e, mostrando claramente, qual a visão e normas da organização sobre este tema que afeta a todos diretamente, como profissionais, como colegas ou como cidadãos.

ATIVIDAES JÁ REGULAMENTADAS

Existem já, algumas atividades que já tem regulamentado a necessidade de ser adotada pela instituição um Programa de Prevenção ao uso de Drogas Psicoativas e, assim devem obedecer às normas já criadas para o seu desempenho.
Vejamos algumas delas:

Aeronautas, Aeroviários e Terceirizados na Área:

A AGENCIA NACIONAL DE AVIACAO CIVIL (ANAC), através da Ementa I do REBAC 120 – Regulamento Brasileiro da Aviação Civil, aprovada pela Resolução nº 273, de 29 de maio de 2013, publicada no Diário Oficial da União nº 104, de 3 de junho de 2013, Seção 1, página 3, estabelece que:

Todas as empresas que estão ligadas direta ou indiretamente às funções de aviação devem seguir esta regulamentação, consoante o item 120.3.

(a) É obrigatória a todas as empresas mencionadas na seção 120.1, à exceção daquelas mencionadas no parágrafo 120.1 (a) (4), a elaboração, execução e manutenção de um Programa de Prevenção do Uso Indevido de Substâncias Psicoativas na Aviação Civil (PPSP), bem como de seus subprogramas, todos válidos perante a ANAC.

(b) A empresa responsável que seja contratante de outra empresa poderá, a seu critério, incluir essa empresa subcontratada no seu PPSP, conforme disposto no parágrafo 120.1 (a)(4).

Caso opte pela não inclusão, deverá exigir que a empresa subcontratada possua seu próprio PPSP, igualmente válido perante a ANAC.

Já o item 120.1 letra a do Regulamento estabelece:

“Este Regulamento se aplica a qualquer pessoa que desempenhe Atividade de Risco à Segurança Operacional na Aviação Civil.” – ARSO.

Segundo o item 120.301 o Programa de Prevenção do Uso Indevido de Substâncias Psicoativas (PPSP) deverá conter, no mínimo:

(1) Um Subprograma de Educação, na forma da subparte H deste Regulamento;

(2) Um Subprograma de Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas, conforme a subparte I deste Regulamento; e

(3) Um Subprograma de Resposta a Evento Impeditivo, conforme a subparte J deste Regulamento.

Fica claro, portanto que, todas as empresas que operam na aviação civil direta ou indiretamente, devem implantar um Programa de Prevenção do Uso Indevido de Substâncias Psicoativas na Aviação Civil (PPSP) e que, toda pessoa que trabalhe no segmento da aviação e, que desempenhe função de Risco Operacional (ARSO) direta ou indiretamente, deverá seguir o estabelecido neste Regulamento e no PPSP, inclusive quanto aos testes.

Já para o trabalho em altura estabelece a NR 35:
NR-35 TRABALHO EM ALTURA

Publicação D. O. U. De 27/03/2012

Portaria SIT n.º 313, de 23 de março de 2012

Entrou em vigor em 27/09/2012

Exceto Capítulo 3 (Capacitação e Treinamento) e item 6.4 que entrouem vigor em 27/03/2013.

35.1.1 Esta Norma estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

35.1.2 Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.

Uma das principais causas de mortes de trabalhadores se deve a acidentes envolvendo queda de pessoas e materiais.

40% dos acidentes de trabalho ocorridos ao ano são decorrentes de quedas. (fonte: MTE).

O risco de queda existe em vários ramos de atividades, devemos intervir nestas situações de risco regularizando o processo e tornando os trabalhos mais seguros.

Acidentes fatais por queda de atura ocorrem principalmente em:

• Obras da construção civil;

• Serviços de manutenção e limpeza em fachadas;

• Serviços de manutenção em telhados; • Montagem de estruturas diversas;

• Serviços em ônibus, caminhões e logística;

• Depósitos de materiais;

• Serviços em linha de transmissão e postes elétricos; •Trabalhos de manutenção em torres;

• Serviços diversos em locais com aberturas em pisos e paredes sem proteção.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

Comentários à Norma Regulamentadora n.º 35 – Trabalhos em Altura

35.4. Planejamento, Organização e Execução.

35.4.1 Todo trabalho em altura será planejado, organizado e executado por trabalhador capacitado e autorizado.

35.4.1.1 Considera-se trabalhador autorizado para trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal da empresa.

A autorização é um processo administrativo através do qual a empresa declara formalmente sua anuência, autorizando a pessoa a trabalhar em altura. Para a autorização devem ser atendidos dois requisitos: a capacitação e a aptidão do trabalhador

35.4.1.2 Cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos trabalhadores que exercem atividades em altura, garantindo que:

a) os exames e a sistemática de avaliação sejam partes integrantes do Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional – PCMSO, devendo estar nele consignados;

Entende-se o termo exames em sentido amplo, compreendendo a anamnese, o exame físico e, se indicados, os exames complementares a que é submetido o trabalhador, devendo todos os exames e a sistemática implementados estar consignados no PCMSO da empresa, considerando os trabalhos em altura que o trabalhador irá executar e, se ele tem condições para tal.

b) a avaliação seja efetuada periodicamente, considerando os riscos envolvidos em cada situação; A norma não estabelece uma periodicidade para avaliação dos trabalhadores que executam trabalhos em altura, cabendo ao médico coordenador, quando houver, ou ao médico examinador estabelecer a periodicidade da avaliação, observando a estabelecida na NR7, a atividade que o trabalhador irá executar e o seu histórico clínico.

A avaliação médica deverá compreender, além dos principais fatores que possam causar quedas de planos elevados, os demais, associados à tarefa, tais como: exigência de esforço físico, acuidade visual, restrição de movimentos etc. Vale ressaltar que se trata de uma relação exemplificativa; outros fatores poderão ser considerados.

c) seja realizado exame médico voltado às patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura, considerando também os fatores psicossociais.

O médico examinador deve focar seu exame sobre patologias que possam originar mal súbito, tais como epilepsia e patologias crônicas descompensadas, como diabetes e hipertensão descompensadas, etc.

Fica reiterado que a indicação da necessidade de exames complementares é de responsabilidade do médico coordenador do PCMSO e/ou médico examinador.

Os fatores psicossociais relacionados ao trabalho podem ser definidos como aquelas características do trabalho que funcionam como “estressores”, ou seja, implicam em grandes exigências no trabalho, combinadas com recursos insuficientes para o enfrentamento das mesmas, ou mesmo circunstancias que levem ao médico coordenador examinar se o empregado usa drogas.

A partir destas perspectivas a avaliação psicológica e a aplicação de testes de uso de substancias psicoativas é recomendável.

35.4.1.2.1 A aptidão para trabalho em altura deverá ser consignada no atestado de saúde ocupacional do trabalhador.

Clique para acessar o MANUAL%20NR-35%20REVISADO.pdf

A análise de risco que é, uma ferramenta de exame crítico da atividade ou situação, com grande utilidade para a identificação e antecipação dos eventos indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência, possibilitando a adoção de medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do usuário e de terceiros, do meio ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e interrupção dos processos produtivos.

Assim, temos que na analise de risco, podem e devem estar incluídos parâmetros, constantes no programa – PCMSO, com aspectos de prevenção, identificação, monitoramento e, se for o caso, encaminhamento a tratamento dos problemas decorrentes do uso de substancias psicoativas.

MOTORISTAS PROFISSIONAIS
A Lei 12.619 de 30 de Abril de 2012 introduziu na CLT normas para a categoria dos motoristas profissionais, inclusive estabelecendo como deveres da categoria submeter-se a testes toxicológicos.

A Lei introduziu as seguintes modificações na CLT referentes a este tema:

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

Do Serviço do Motorista Profissional

Art. 235-A. Ao serviço executado por motorista profissional aplicam-se os preceitos especiais desta Seção.

Art. 235-B. São deveres do motorista profissional:

I – estar atento às condições de segurança do veículo;

II – conduzir o veículo com perícia, prudência, zelo e com observância aos princípios de direção defensiva;

III – respeitar a legislação de trânsito e, em especial, as normas relativas ao tempo de direção e de descanso;

IV – zelar pela carga transportada e pelo veículo;

V – colocar-se à disposição dos órgãos públicos de fiscalização na via pública;

VII – submeter-se a teste e a programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica, instituído pelo empregador, com ampla ciência do empregado.

Parágrafo único.

A inobservância do disposto no inciso VII e a recusa do empregado em submeter-se ao teste e ao programa de controle de uso de droga e de bebida alcoólica previstos no inciso VII serão consideradas infração disciplinar, passível de penalização nos termos da lei.

A preocupação do Legislador se mostra inteiramente voltada para a segurança da Classe de Motoristas Profissionais, que no exercício de suas funções tem uma grande responsabilidade no transporte de cargas e pessoas.

A nossa cultura com cobrança de resultados nesta área levou muitos profissionais a utilizarem do famoso “rebite” pensando em terem mais disposição para o trabalho e para evitar o sono.

Pura ilusão.

Com o passar do tempo e, com as dificuldades impostas na compra dos rebites esse motoristas passaram a substitui-los pela cocaína e o crack.

E os índices de acidente continuam a aumentar.

O DENATRAN, paralelamente a esta Legislação Trabalhista supra apontada, também preocupado com a questão, baixou Portaria exigindo que os Motoristas passem ao tirar ou renovar a sua Carteira de habilitação a partir da Letra C se submetam também, ao exame toxicológico com janela de detecção de 90 dias. (exame de cabelo)

Assim sendo, verificamos que, aos poucos, a conscientização quanto ao uso indiscriminado de álcool e outras drogas psicoativas, vêm atingindo grande parte da nossa população e, também chegando às empresas que precisam se adequar para implanta-las.

Autoria: Antonio Carlos Pirillo

Consultor Jurídico, Professor e Mestre em Direito do Trabalho, Especialista em Mediação e Arbitragem, Especialista em Gestão do Terceiro Setor e Especialista em Dependencia Quimica no Ambiente de Trabalho.

Diretor de Relações Institucionais e Corporativas do Viva Corporativo

Email: acpirillo@hotmail.com

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Sinait denuncia: Faltam auditores fiscais do trabalho!

Do que adianta reformular as NRs sem haver fiscalização ?

“Prepare-se para ler uma visão crítica real da condição da SST brasileira. Aproveite, porque não verá isso nos congressos de Medicina do Trabalho e nos cursos de especialização Brasil afora”

Gustavo Coutinho Bacellar – Médico do Trabalho

Brasília/DF – O Sinait denuncia à sociedade, aos trabalhadores e às autoridades que as medidas anunciadas pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, para combater a sonegação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e a informalidade no mercado de trabalho, somente terão êxito se o governo federal tomar, urgentemente, medidas para fortalecer o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Não há fiscalização sem fiscais.

Atualmente, pouco mais de 2.600 Auditores-Fiscais do Trabalho estão em atividade no país. (O ideal seriam 9000 para atender a demanda brasileira 😱😱😱😱)

A carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho tem 3.644 cargos criados por lei e 1.000 cargos estão vagos. Cerca de 500 Auditores já têm condições de se aposentar ou vão adquirir as condições nos próximos meses, reduzindo ainda mais o quadro.

Há pedidos de realização de concurso público no Ministério do Planejamento, mas, até o momento, não há qualquer sinalização de que será autorizado.

A irresponsabilidade de deixar que a situação chegasse a esse ponto é do governo federal. Os prejuízos são grandes e se agravam. A categoria já não consegue mais alcançar as metas colocadas pela Administração, cada vez mais exigentes, em contraponto com o número de Auditores-Fiscais que cai dia a dia. O desequilíbrio é gritante.

Auditores-Fiscais do Trabalho são os servidores públicos de carreira do Ministério do Trabalho e Emprego responsáveis por fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista – assinatura da Carteira de Trabalho, regularidade de contratos de trabalho nas modalidades de terceirização e temporário, depósito e lançamento do FGTS, do descanso remunerado, do 13º salário, férias, horas extras, verificação da jornada de trabalho, entre outras – e das normas de segurança e saúde no trabalho – especialmente para evitar acidentes de trabalho e adoecimentos – combater o trabalho escravo e infantil, incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, garantir que as empresas contratem aprendizes, mediar conflitos entre trabalhadores e empregadores, verificar se os acordos e convenções coletivas de trabalho, tratados internacionais como as Convenções da OIT, estão sendo respeitados, entre outras atribuições.

Acidentes de trabalho – mais de 700 mil por ano, segundo a Previdência Social – se sucedem a cada minuto, com mortes, mutilações, incapacidades, gerando benefícios que oneram o governo, as empresas e a sociedade. (O Brasil hoje está um3º lugar em número de acidentes do trabalho😭😭😭😭)

Sem Auditores-Fiscais em número suficiente, a proteção e a prevenção ficam comprometidas.

( Não adianta nossos amados experts irem em congresso defender atualização de NR com o quadro como está! Com estas atualizações, as empresas grandes que sempre cumpriram as normas, continuarão cumprindo e as negligentes (maioria médias e pequenas) continuarão nem sabendo oque são as NRs. Precisamos de pressão política, não de pareceres técnicos! Isso é oque acontece com o país, onde as pessoas de bem se afastam da política. 😡😡😡😡)

Milhões de crianças trabalham sem que a fiscalização consiga alcançá-las para resgatar o direito à infância. Milhares de trabalhadores ainda estão escravizados ( E com parecer favorável do STF!), em condições indignas de trabalho, pois as equipes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que já chegaram a nove, hoje são apenas quatro e não conseguem atender à demanda.

A sonegação ao FGTS é grande e não há Auditores-Fiscais suficientes para fiscalizar todas as empresas inadimplentes e fraudulentas.

O número de trabalhadores sem Carteira de Trabalho assinada dentro das empresas ou na total informalidade, fazendo bicos, à margem dos direitos sociais, é enorme, e se projeta diretamente sobre a arrecadação do FGTS e da Previdência Social. Localizá-los e reverter a situação só é possível com uma fiscalização eficiente e presente nos locais de trabalho.

A chamada “fiscalização eletrônica”, e-social,anunciada como principal instrumento para concretizar as ações e alcançar os resultados pretendidos pelo governo, nada mais representa do que ferramentas que possibilitam o cruzamento de dados e permitem a coleta de indícios de onde estão os fraudadores, facilitam e orientam o trabalho dos Auditores-Fiscais que vão às empresas e lá, somente lá, desvendam e comprovam as irregularidades, os abusos contra os trabalhadores, o descumprimento às leis.

A primeira medida a ser anunciada pelo governo, imediata, urgente, caso queira alcançar o sucesso do pacote anunciado, é a realização de concurso público para a completa recomposição do quadro da carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho.

Uma política definida nesse sentido é necessária diante da iminente aposentadoria de centenas de Auditores-Fiscais neste e nos próximos anos. É preciso também tomar a iniciativa de ampliar o quadro da carreira, extremamente defasado em relação à realidade econômica do Brasil.

A mesma providência deve ser tomada em relação aos Servidores Administrativos da Pasta, cujo quadro e condições de salário e trabalho são das piores entre todos os ministérios do governo federal.

Os aprovados nos últimos concursos públicos, desestimulados, já migraram para outros órgãos ou para a iniciativa privada, tornando crônico o déficit de servidores. A rotatividade de trabalhadores prejudica a continuidade dos serviços e fragiliza as áreas de apoio à fiscalização e atendimento ao público.

De forma generalizada, as condições das unidades do Ministério do Trabalho e Emprego em todo o país são péssimas. Algumas apresentam riscos para os servidores e para o público, sendo necessário que os Auditores-Fiscais tomem a iniciativa de interditá-las para evitar acidentes e tragédias.

O sucateamento tecnológico da Pasta é vergonhoso e contrasta com o avanço das empresas fiscalizadas, o que afeta o resultado das ações fiscais. Auditores-Fiscais, frequentemente, utilizam recursos próprios, como notebooks particulares, e desenvolvem por iniciativas individuais ferramentas para facilitar, agilizar e dar mais eficiência ao trabalho. A interação entre diversos órgãos e instituições no sentido de compartilhar dados e informações para melhorar a eficiência da fiscalização anda a passos lentos.

Enfim, a lógica de “fazer mais com menos” chegou ao limite e esgotou-se. Por mais esforço que os Auditores-Fiscais façam no quotidiano, acumulando funções e desdobrando-se para cumprir metas, é impossível manter a produtividade ou absorver novas atribuições com o quadro atual.

A proteção dos trabalhadores corre sérios riscos. O Sinait denuncia o colapso há muito tempo e só o governo parece não perceber a situação. Os Auditores-Fiscais do Trabalho, que sempre estiveram ao lado dos trabalhadores, necessitam, agora, que a sociedade se coloque em sua defesa, para que esta força que promove equilíbrio nas relações de trabalho continue desempenhando com dignidade sua missão.

Rosa Maria Campos Jorge
Presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho – Sinait

Fonte: Sinait

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Identificada 6ª vítima de explosão em navio da Petrobrás

Alexsandro de Sousa Ribeiro, de 41 anos, era supervisor de manutenção.
Segundo DML, corpo estava em estado de decomposição

O corpo da sexta vítima da explosão no navio-plataforma foi identificado pelas impressões digitais na tarde desta quarta-feira (18), no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. A BW Offshore, operadora da FPSO Cidade de São Mateus, disse que a vítima é Alexsandro de Sousa Ribeiro, de 40 anos, supervisor de manutenção do navio. Segundo informações do DML, o corpo estava em estado de decomposição e não pode ser reconhecido pelos familiares. O acidente completa uma semana nesta quarta-feira.

O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado pela Petrobras. Segundo a ANP, 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente, na última quarta-feira (11). Seis pessoas foram encontradas mortas, 26 ficaram feridas e foram levadas para hospitais da região.  Uma semana após a explosão, três pessoas permanecem desaparecidas.

O corpo do supervidor de manuteção deixou o Departamento Médico Legal, na capital do Espírito Santo, e seguiu para o velório. A família é do município da Serra, na Grande Vitóriax, esteve no local para liberar o corpo, mas preferiu não falar com a equipe de reportagem.

O enterro está marcado para às 8h30 desta quinta-feira (19), no Cemitério Jardim da Paz, na Serra. A localização do corpo confortou a família. “Foi uma semana de muita angústia e agora acabou. Pelo menos, poderemos dar um enterro digno para uma pessoa tão querida da nossa família”, disse o cunhado Ayres de Oliveira Junior.

Empresa

Segundo informações da BW Offshore, o CEO da empresa, Carl Arnet, esteve no estado para se reunir com os familiares dos falecidos e desaparecidos no acidente, e com os demais membros da tripulação.

De acordo com boletim médico divulgado nesta quarta-feira, cinco pessoas permanecem internadas. Os dois pacientes que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Vitória Apart Hospital, na Serra, estão  estáveis. Um será submetido a cirurgia ortopédica. Os dois pacientes em apartamentos também seguem estáveis, sendo que um também será submetido a cirurgia ortopédica. O paciente internado no Hospital Metropolitano, no mesmo município, também se encontra estável. Outros 28 integrantes da tripulação já foram liberados para suas casas, após acompanhamento médico em um hotel de Vitória.

Busca pelos desaparecidos

A empresa disse que o objetivo principal da BW Offshore neste momento é encontrar os desaparecidos. A empresa frisou que todo trabalho que envolve a busca dos desaparecidos na plataforma é meticuloso, e realizado dentro de estritas normas de segurança.

Segundo a BW Offshore, o FPSO Cidade de São Mateus está estável e sem entrada de água do mar. O casco do navio permanece íntegro. Para garantir a estabilidade do navio, a empresa iniciou um processo de mergulho para instalação de tampas nas caixas de mar.

Em nota, o Corpo de Bombeiros do Espírito Santo informou nesta terça-feira que continua com seus trabalhos suspensos, mas possui uma equipe de prontidão para retomar o resgate no navio-plataforma. O acionamento ainda não foi feito por parte da empresa.

Sindicato
O Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-ES) confirmou a localização do corpo do sexto trabalhador e disse que ainda não foi identificado. A categoria informou que o corpo estava na sala de máquinas intacto e com máscara balaclava, equipamento de proteção individual para proteger do calor, o que pode indicar que era integrante da brigada.

O Sindipetro- ES disse que cobra do comando da empresa mais agilidade no resgate dos desaparecidos.

Irregularidade

A BW Offshore, é suspeita de atuar no Espírito Santo de maneira irregular. Ela vai dar explicações sobre a situação da empresa ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-ES) às 10h de quinta-feira (19), na sede do órgão, em Vitória.

A empresa não tem o devido registro junto ao conselho, segundo o Crea. Essa documentação é necessária para que companhias de outros estados ou países trabalhem legalmente no Espírito Santo. Além disso, desde que o Crea passou a receber a relação de empresas contratadas pela Petrobras, há quatro anos, a BW não aparece na lista. A firma norueguesa, com sede brasileira no Rio de Janeiro, opera no Espírito Santo desde 2009.

Em nota, a Petrobras disse que encaminhou em 2012 a listagem em que consta a BW Offshore.

“A Petrobras encaminhou em 2012 ao CREA-ES, conforme exigido por este órgão, a relação das unidades de produção offshore que operam no Estado do Espírito Santo, incluindo o FPSO Cidade de São Mateus, operado pela BW, para que aquele conselho de classe pudesse tomar as medidas que julgasse adequadas para aferição e eventual regularização da documentação exigida”.

O diretor de fiscalização do Crea-ES, José Adilson de Oliveira, confirmou a reunião de quinta-feira e contou que ela foi solicitada pela BW. A companhia também confirmou a agenda, mas não explicou o porquê da ausência de registros.

Multa

Segundo Oliveira, o regramento do conselho prevê multa máxima de R$ 5.366,16 para as empresas que atuam sem registro. No entanto, conselheiros entendem que, pelas proporções do acidente, o cálculo da punição deve ser refeito.

“Será feita uma reunião mais ampla do conselho para apurarmos os fatos e valores. Ainda não sabemos muita coisa, como a quantidade precisa de funcionários que estavam trabalhando”

frisou o presidente do Crea, Helder Carnielli.

Polícia Federal

Um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal para apurar os fatos que envolvem a explosão. Conforme divulgado pela PF na sexta-feira (13), o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Serão investigados os crimes de homicídio ou incêndio qualificado. Três dias após o acidente, quatro pessoas continuam desaparecidas. A assessoria da Polícia Federal também informou que uma equipe fará uma inspeção no navio-plataforma assim que as buscas terminarem e a embarcação for liberada.