Sinait denuncia: Faltam auditores fiscais do trabalho!

Do que adianta reformular as NRs sem haver fiscalização ?

“Prepare-se para ler uma visão crítica real da condição da SST brasileira. Aproveite, porque não verá isso nos congressos de Medicina do Trabalho e nos cursos de especialização Brasil afora”

Gustavo Coutinho Bacellar – Médico do Trabalho

Brasília/DF – O Sinait denuncia à sociedade, aos trabalhadores e às autoridades que as medidas anunciadas pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, para combater a sonegação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e a informalidade no mercado de trabalho, somente terão êxito se o governo federal tomar, urgentemente, medidas para fortalecer o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Não há fiscalização sem fiscais.

Atualmente, pouco mais de 2.600 Auditores-Fiscais do Trabalho estão em atividade no país. (O ideal seriam 9000 para atender a demanda brasileira 😱😱😱😱)

A carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho tem 3.644 cargos criados por lei e 1.000 cargos estão vagos. Cerca de 500 Auditores já têm condições de se aposentar ou vão adquirir as condições nos próximos meses, reduzindo ainda mais o quadro.

Há pedidos de realização de concurso público no Ministério do Planejamento, mas, até o momento, não há qualquer sinalização de que será autorizado.

A irresponsabilidade de deixar que a situação chegasse a esse ponto é do governo federal. Os prejuízos são grandes e se agravam. A categoria já não consegue mais alcançar as metas colocadas pela Administração, cada vez mais exigentes, em contraponto com o número de Auditores-Fiscais que cai dia a dia. O desequilíbrio é gritante.

Auditores-Fiscais do Trabalho são os servidores públicos de carreira do Ministério do Trabalho e Emprego responsáveis por fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista – assinatura da Carteira de Trabalho, regularidade de contratos de trabalho nas modalidades de terceirização e temporário, depósito e lançamento do FGTS, do descanso remunerado, do 13º salário, férias, horas extras, verificação da jornada de trabalho, entre outras – e das normas de segurança e saúde no trabalho – especialmente para evitar acidentes de trabalho e adoecimentos – combater o trabalho escravo e infantil, incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, garantir que as empresas contratem aprendizes, mediar conflitos entre trabalhadores e empregadores, verificar se os acordos e convenções coletivas de trabalho, tratados internacionais como as Convenções da OIT, estão sendo respeitados, entre outras atribuições.

Acidentes de trabalho – mais de 700 mil por ano, segundo a Previdência Social – se sucedem a cada minuto, com mortes, mutilações, incapacidades, gerando benefícios que oneram o governo, as empresas e a sociedade. (O Brasil hoje está um3º lugar em número de acidentes do trabalho😭😭😭😭)

Sem Auditores-Fiscais em número suficiente, a proteção e a prevenção ficam comprometidas.

( Não adianta nossos amados experts irem em congresso defender atualização de NR com o quadro como está! Com estas atualizações, as empresas grandes que sempre cumpriram as normas, continuarão cumprindo e as negligentes (maioria médias e pequenas) continuarão nem sabendo oque são as NRs. Precisamos de pressão política, não de pareceres técnicos! Isso é oque acontece com o país, onde as pessoas de bem se afastam da política. 😡😡😡😡)

Milhões de crianças trabalham sem que a fiscalização consiga alcançá-las para resgatar o direito à infância. Milhares de trabalhadores ainda estão escravizados ( E com parecer favorável do STF!), em condições indignas de trabalho, pois as equipes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que já chegaram a nove, hoje são apenas quatro e não conseguem atender à demanda.

A sonegação ao FGTS é grande e não há Auditores-Fiscais suficientes para fiscalizar todas as empresas inadimplentes e fraudulentas.

O número de trabalhadores sem Carteira de Trabalho assinada dentro das empresas ou na total informalidade, fazendo bicos, à margem dos direitos sociais, é enorme, e se projeta diretamente sobre a arrecadação do FGTS e da Previdência Social. Localizá-los e reverter a situação só é possível com uma fiscalização eficiente e presente nos locais de trabalho.

A chamada “fiscalização eletrônica”, e-social,anunciada como principal instrumento para concretizar as ações e alcançar os resultados pretendidos pelo governo, nada mais representa do que ferramentas que possibilitam o cruzamento de dados e permitem a coleta de indícios de onde estão os fraudadores, facilitam e orientam o trabalho dos Auditores-Fiscais que vão às empresas e lá, somente lá, desvendam e comprovam as irregularidades, os abusos contra os trabalhadores, o descumprimento às leis.

A primeira medida a ser anunciada pelo governo, imediata, urgente, caso queira alcançar o sucesso do pacote anunciado, é a realização de concurso público para a completa recomposição do quadro da carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho.

Uma política definida nesse sentido é necessária diante da iminente aposentadoria de centenas de Auditores-Fiscais neste e nos próximos anos. É preciso também tomar a iniciativa de ampliar o quadro da carreira, extremamente defasado em relação à realidade econômica do Brasil.

A mesma providência deve ser tomada em relação aos Servidores Administrativos da Pasta, cujo quadro e condições de salário e trabalho são das piores entre todos os ministérios do governo federal.

Os aprovados nos últimos concursos públicos, desestimulados, já migraram para outros órgãos ou para a iniciativa privada, tornando crônico o déficit de servidores. A rotatividade de trabalhadores prejudica a continuidade dos serviços e fragiliza as áreas de apoio à fiscalização e atendimento ao público.

De forma generalizada, as condições das unidades do Ministério do Trabalho e Emprego em todo o país são péssimas. Algumas apresentam riscos para os servidores e para o público, sendo necessário que os Auditores-Fiscais tomem a iniciativa de interditá-las para evitar acidentes e tragédias.

O sucateamento tecnológico da Pasta é vergonhoso e contrasta com o avanço das empresas fiscalizadas, o que afeta o resultado das ações fiscais. Auditores-Fiscais, frequentemente, utilizam recursos próprios, como notebooks particulares, e desenvolvem por iniciativas individuais ferramentas para facilitar, agilizar e dar mais eficiência ao trabalho. A interação entre diversos órgãos e instituições no sentido de compartilhar dados e informações para melhorar a eficiência da fiscalização anda a passos lentos.

Enfim, a lógica de “fazer mais com menos” chegou ao limite e esgotou-se. Por mais esforço que os Auditores-Fiscais façam no quotidiano, acumulando funções e desdobrando-se para cumprir metas, é impossível manter a produtividade ou absorver novas atribuições com o quadro atual.

A proteção dos trabalhadores corre sérios riscos. O Sinait denuncia o colapso há muito tempo e só o governo parece não perceber a situação. Os Auditores-Fiscais do Trabalho, que sempre estiveram ao lado dos trabalhadores, necessitam, agora, que a sociedade se coloque em sua defesa, para que esta força que promove equilíbrio nas relações de trabalho continue desempenhando com dignidade sua missão.

Rosa Maria Campos Jorge
Presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho – Sinait

Fonte: Sinait

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Identificada 6ª vítima de explosão em navio da Petrobrás

Alexsandro de Sousa Ribeiro, de 41 anos, era supervisor de manutenção.
Segundo DML, corpo estava em estado de decomposição

O corpo da sexta vítima da explosão no navio-plataforma foi identificado pelas impressões digitais na tarde desta quarta-feira (18), no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. A BW Offshore, operadora da FPSO Cidade de São Mateus, disse que a vítima é Alexsandro de Sousa Ribeiro, de 40 anos, supervisor de manutenção do navio. Segundo informações do DML, o corpo estava em estado de decomposição e não pode ser reconhecido pelos familiares. O acidente completa uma semana nesta quarta-feira.

O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado pela Petrobras. Segundo a ANP, 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente, na última quarta-feira (11). Seis pessoas foram encontradas mortas, 26 ficaram feridas e foram levadas para hospitais da região.  Uma semana após a explosão, três pessoas permanecem desaparecidas.

O corpo do supervidor de manuteção deixou o Departamento Médico Legal, na capital do Espírito Santo, e seguiu para o velório. A família é do município da Serra, na Grande Vitóriax, esteve no local para liberar o corpo, mas preferiu não falar com a equipe de reportagem.

O enterro está marcado para às 8h30 desta quinta-feira (19), no Cemitério Jardim da Paz, na Serra. A localização do corpo confortou a família. “Foi uma semana de muita angústia e agora acabou. Pelo menos, poderemos dar um enterro digno para uma pessoa tão querida da nossa família”, disse o cunhado Ayres de Oliveira Junior.

Empresa

Segundo informações da BW Offshore, o CEO da empresa, Carl Arnet, esteve no estado para se reunir com os familiares dos falecidos e desaparecidos no acidente, e com os demais membros da tripulação.

De acordo com boletim médico divulgado nesta quarta-feira, cinco pessoas permanecem internadas. Os dois pacientes que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Vitória Apart Hospital, na Serra, estão  estáveis. Um será submetido a cirurgia ortopédica. Os dois pacientes em apartamentos também seguem estáveis, sendo que um também será submetido a cirurgia ortopédica. O paciente internado no Hospital Metropolitano, no mesmo município, também se encontra estável. Outros 28 integrantes da tripulação já foram liberados para suas casas, após acompanhamento médico em um hotel de Vitória.

Busca pelos desaparecidos

A empresa disse que o objetivo principal da BW Offshore neste momento é encontrar os desaparecidos. A empresa frisou que todo trabalho que envolve a busca dos desaparecidos na plataforma é meticuloso, e realizado dentro de estritas normas de segurança.

Segundo a BW Offshore, o FPSO Cidade de São Mateus está estável e sem entrada de água do mar. O casco do navio permanece íntegro. Para garantir a estabilidade do navio, a empresa iniciou um processo de mergulho para instalação de tampas nas caixas de mar.

Em nota, o Corpo de Bombeiros do Espírito Santo informou nesta terça-feira que continua com seus trabalhos suspensos, mas possui uma equipe de prontidão para retomar o resgate no navio-plataforma. O acionamento ainda não foi feito por parte da empresa.

Sindicato
O Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-ES) confirmou a localização do corpo do sexto trabalhador e disse que ainda não foi identificado. A categoria informou que o corpo estava na sala de máquinas intacto e com máscara balaclava, equipamento de proteção individual para proteger do calor, o que pode indicar que era integrante da brigada.

O Sindipetro- ES disse que cobra do comando da empresa mais agilidade no resgate dos desaparecidos.

Irregularidade

A BW Offshore, é suspeita de atuar no Espírito Santo de maneira irregular. Ela vai dar explicações sobre a situação da empresa ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-ES) às 10h de quinta-feira (19), na sede do órgão, em Vitória.

A empresa não tem o devido registro junto ao conselho, segundo o Crea. Essa documentação é necessária para que companhias de outros estados ou países trabalhem legalmente no Espírito Santo. Além disso, desde que o Crea passou a receber a relação de empresas contratadas pela Petrobras, há quatro anos, a BW não aparece na lista. A firma norueguesa, com sede brasileira no Rio de Janeiro, opera no Espírito Santo desde 2009.

Em nota, a Petrobras disse que encaminhou em 2012 a listagem em que consta a BW Offshore.

“A Petrobras encaminhou em 2012 ao CREA-ES, conforme exigido por este órgão, a relação das unidades de produção offshore que operam no Estado do Espírito Santo, incluindo o FPSO Cidade de São Mateus, operado pela BW, para que aquele conselho de classe pudesse tomar as medidas que julgasse adequadas para aferição e eventual regularização da documentação exigida”.

O diretor de fiscalização do Crea-ES, José Adilson de Oliveira, confirmou a reunião de quinta-feira e contou que ela foi solicitada pela BW. A companhia também confirmou a agenda, mas não explicou o porquê da ausência de registros.

Multa

Segundo Oliveira, o regramento do conselho prevê multa máxima de R$ 5.366,16 para as empresas que atuam sem registro. No entanto, conselheiros entendem que, pelas proporções do acidente, o cálculo da punição deve ser refeito.

“Será feita uma reunião mais ampla do conselho para apurarmos os fatos e valores. Ainda não sabemos muita coisa, como a quantidade precisa de funcionários que estavam trabalhando”

frisou o presidente do Crea, Helder Carnielli.

Polícia Federal

Um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal para apurar os fatos que envolvem a explosão. Conforme divulgado pela PF na sexta-feira (13), o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Serão investigados os crimes de homicídio ou incêndio qualificado. Três dias após o acidente, quatro pessoas continuam desaparecidas. A assessoria da Polícia Federal também informou que uma equipe fará uma inspeção no navio-plataforma assim que as buscas terminarem e a embarcação for liberada.