As doenças mentais já representam a 3ª principal causa de longo afastamento no Brasil

A Organização Mundial da Saúde estima que  os transtornos mentais atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, o que representa 13% do total de todas as doenças. 

Vinte e quatro horas ligado. Qualquer chamada telefônica fazia o analista de sistema Antônio Custódio Alves Neto ir para a empresa para resolver problemas na parte de programação de computadores. Até que um dia, ele foi diagnosticado com depressão e foi obrigado a parar com tudo. 

“A pressão e a cobrança eram constantes. Eu ficava aguardando uma chamada e ficava naquela tensão terrível, até que cai numa depressão”.

Dados obtidos com exclusividade pela CBN mostram que em 2014 o INSS pagou auxílio-doença por causa de transtornos mentais e comportamentais para pouco mais de 220 mil pessoas. 

Atualmente, esses problemas são a terceira causa de longos afastamentos do serviço por doença, ficando atrás das lesões e contusões por esforços repetitivos. 

No último ano, saíram dos cofres da Previdência Social R$ 25,6 bilhões em benefícios para trabalhadores com os mais diversos problemas de saúde.

Para o médico-psiquiatra e autor do livro “Doença mental – um tratamento possível” Luis Altenfelder Silva Filho as características da vida moderna propiciam o surgimento destes distúrbios mentais. 

“Morar numa cidade grande com todas as dificuldades, com o aumento da violência e do custo de vida levam as pessoas a desenvolverem distúrbios, como depressão, ansiedade e quadro de doença do pânico”.

A Organização Mundial da Saúde estima que  os transtornos mentais atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, o que representa 13% do total de todas as doenças. 

No topo da lista, figuram patologias como depressão e ansiedade. No ano passado, o INSS pagou auxílio-doença para 83.237 brasileiros diagnosticados com quadro depressivo.

Nesta semana, um estudo divulgado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico chamou a atenção para o problema. De acordo com a pesquisa, uma em cada duas pessoas irá sofrer algum distúrbio psicológico durante a vida.

Essas enfermidades têm início na infância e adolescência. Entre 20% e 30% de todos os jovens experimentam um transtorno até os 20 anos de idade. Os sistemas de ensino têm, portanto, um papel fundamental para garantir uma boa formação educacional e uma transição para o mercado de trabalho.

A médica da Associação Brasileira de Psiquiatria Alexandrina Meleiro ressalta a importância do diagnóstico precoce para tratar essas doenças. 

“Às vezes, os pais trabalham e não percebem alterações. Quem vai perceber algo é o professor que precisa estar capacitado para atender aos alunos”.

O principal obstáculo ao tratamento é o preconceito que ainda existe em relação à saúde mental. As pessoas têm medo de serem diagnosticadas. Além disso, muitos profissionais nem sempre reconhecem os transtornos de saúde mental e a necessidade do tratamento.

Há quase um ano, um professor da rede pública estadual e municipal de São Paulo, que pediu para não ser identificado, está afastado dos dois empregos, após diagnóstico de depressão com quadro psicótico. Ele reconhece que demorou para enfrentar o problema e só fez isso porque contou com a ajuda da família.

 “Minha esposa procurou por mim. Eu não achava que tinha uma doença. Hoje eu olho para o que fazia e vejo como estava descontrolado, chorando à toa e brigando com as pessoas”.

Um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo concluiu que algumas situações de violência, como humilhação, perseguição, além de agressões físicas e verbais prejudicam a saúde mental no ambiente corporativo.

As mulheres com alta escolaridade são o perfil predominante entre os afastamentos. No entanto, o autor da pesquisa alerta para uma distorção, porque o público feminino tem maior cuidado com a saúde.

O especialista em medicina do trabalho João Silvestre da Silva Júnior, que também é perito do INSS, ressalta a importância preparar o ambiente de trabalho para recepcionar as pessoas após a licença médica.

 “É preciso acompanhar essa pessoa ao longo do tempo. Não é colocá-la de volta às funções, sem fazer um acompanhamento médico. Caso contrário, a pessoa tem o grande risco de ter uma recaída”.

Diante do aumento dos transtornos mentais no mundo corporativo, entidades internacionais como a OCDE e a Organização Internacional do Trabalho defendem a realização de uma política coordenada nas áreas do emprego, saúde e educação.

Fonte: Revista Proteção

Divulgado no site da ANAMT 

Questionário determina nível de estresse ocupacional – Aplique na sua empresa!

Estresse ocupacional é a tensão excessiva que o trabalhador sofre em função do trabalho que exerce. Pode ser ligado às características do trabalho em si, à sobrecarga de tarefas, ao ambiente físico do local de trabalho, ao modo como o chefe lidera a equipe ou mesmo pelas dificuldades interpessoais com colegas.

O questionário abaixo, foi formulado pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), e confira se seus funcionários tem indicadores de stress ocupacional e qual o nível gravidade que eles sentem.

Tenha em mente que o questionário abaixo não oferece um diagnóstico de sua condição, que só pode ser feito por um psicólogo. Trata-se somente de alerta para serem incentivadas melhorias de gestão.

1. Segunda feira, ao pensar em trabalhar, sinto um grande desanimo e vontade de não ir:
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

2. Meu nível de irritabilidade e intolerância com colegas de trabalho ultrapassa o dos outros ao meu redor.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

3. Tenho tido azia, tensão muscular ou problemas de pele ou ainda alterações de pressão arterial.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

4. Meu entusiasmo pela minha empresa está baixo.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

5. Sinto que meu chefe não reconhece o valor de minha contribuição para a empresa.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

6. Meus colegas de trabalho não colaboram comigo.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

7. Sinto que minha produtividade está menor do que era antes.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

8. Sinto muita raiva quando estou trabalhando.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

9. Sinto-me ansioso no trabalho.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

10. Fico feliz de ficar doente e não ter que trabalhar.
A) Nunca
B) Às vezes
C) Frequentemente

Verifique os indicadores de stress:
Se assinalou mais de 5 respostas “nunca”: Parabéns! Você não apresenta sinais significativos de um quadro de stress ocupacional.

Se assinalou mais de 5 “às vezes”: Parece que você está conseguindo lidar com a pressão do trabalho de modo adequado. Pode estar no estágio de resistência do stress.

Se o numero de vezes que indicou “frequentemente” foi:
1 ou 2: Você tem alguns indicadores de stress ocupacional já significativos. Reflita sobre a possibilidade de mudar sua percepção frente às demandas da empresa. Às vezes, a tensão pode ser criada pelo nosso próprio modo de ver o que se passa ao nosso redor. Às vezes, o stress vem de outros fatores, como família, amigos ou problemas pessoais.

5 ou mais: você tem sintomas que se parecem com os de pessoas que sofrem de stress ocupacional grave (estágios de quase exaustão ou exaustão). Se o quadro que você apresenta é típico de outros colegas, seria interessante que sua empresa oferecesse treinamento (palestras, oficinas, etc) para todos os funcionários, objetivando reduzir o stress ocupacional presente. Se isso não for possível, a recomendação é que procure um profissional da área da psicologia que o ajude a lidar com a pressão excessiva do trabalho.

Recomendações gerais para a prevenção e controle do stress:
– Exercício físico pelo menos três vezes por semana, por meia hora.
– Alimentação anti-stress, rica em legumes, frutas e verduras.
– Relaxamento, algum tipo de lazer, de atividade sem pressa, sem obrigação.
– Refletir sobre suas prioridades e sobre o que de fato é importante para sua vida, não somente no presente, mas também no futuro; viver de acordo com estas prioridades; respeitar os limites de seu corpo e da sua mente, não transcendendo os mesmos e, acima de tudo, vendo sempre o lado positivo da vida.

Autoria: Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS)

Publicado no Jornal Hoje