Intoxicação por Arsênio – Seus riscos à saúde

Inspirado pela reportagem do quadro Proteste Já, do Programa CQC da Band – Brasil, que denunciou a mineradora Queiroz da cidade de Paracatu-MG pela intoxicação da comunidade local por arsênio, decidi realizar algumas pesquisas na literatura sobre os riscos da intoxicação pelo agente químico mencionado.

Caso não tenha assistido ainda a reportagem, você pode conferir através do link abaixo:

Link: http://entretenimento.band.uol.com.br/cqc/videos/proteste-ja/

INTOXICAÇÃO POR ARSÊNIO

 O arsênio é usado no endurecimento de metais como o cobre e o chumbo, como um dopador em produtos sólidos de silício e germânio. Seus sais são usados na fabricação de herbicidas e de raticidas, em semicondutores e em pirotecnia.

O trióxido de arsênio está sendo usado em pesquisas experimentais para o tratamento de tumores sólidos como o câncer gástrico e de tumores na cabeça e pescoço.

Riscos à saúde

Todos os compostos de arsênio são tóxicos. A dose letal para humanos é de 1 a 2 mg/kg por peso do corpo. Sua toxicidade varia de acordo com o estado de toxicação do metal e com a solubilidade. Assim, os compostos inorgânicos trivalentes do arsênio, como o tricloreto de arsênio, o trióxido de arsênio e a arsina são altamente tóxicos – mais venenosos do que o metal e seus sais pentavalentes.

Lewsite: O composto do arsênio Lewisite, é um forte causador de vesículas que pode penetrar na pele e causar lesões na área de exposição. Lewsite foi usado como gás venenoso na primeira guerra mundial.

Sulfeto de arsênio: É menos solúvel tendo toxicidade aguda menor.

 Vias de Exposição: O arsênio é absorvido pelo corpo através da via gastrintestinal e inalação.

Fase Clínica:

Aguda:

  • Febre, distúrbios gastrointestinais, irritação do trato respiratório, úlcera do septo nasal e dermatite.

Cônica:

  • Pode produzir pigmentação da pele, neuropatia periférica e degeneração do fígado e dos rins.

O arsênio é carcinogênico para seres humanos. A ingestão oral é responsável por aumento na incidência de tumores no fígado, sangue e pulmões.

Os efeitos mutagênicos do arsênio foram revisados por (Basu el al. 2001).Bernstam et al. (2002) mediram a absorção percutânea do As(III) e do As(V) in vitro usando pele artificial. Os autores observaram que As(III) em doses de exposição baixas iguais a 10mg/L pode causar mudanças morfológicas significativas, rompimento da membrana celular e inibição do DNA e da síntese de proteína.Desta maneira, os autores perceberam que concentrações tri- ou pentavalente do arsênio em níveis acima de 100mg/L em águas de chuveiros ou da pia podem manifestar efeitos nocivos.

 

Fase toxicodinâmica: Os efeitos tóxicos do arsênio são atribuídos às suas propriedades de ligação com o enxofre. Forma complexos com coenzimas. Isto inibe a produção de ATP que é essencial para a energia do metabolismo do corpo.

Antídotos: 

  • 2,3-dimercapto-1-propanol: antídoto contra a intoxicação aguda.
  • 2,3 ditioritritol é uma antídoto mais eficiente e menos tóxico.
PRODUTO

QUÍMICO

(ACGIH, 2015)

TLV-TWA TLV-STEL (C)
ppm mg/m3 ppm mg/m3
Arsênio 0,01

Autoria: Gustavo Coutinho Bacellar – Médico do Trabalho

Referências:

  • Livro ACGIH 2015, p13.
  • Livro Guia Geral Propriedades Nocivas das Substâncias Químicas p596 e 597.